Domingo, 15 de Julho de 2018
Querido leitor,
Recorda-se de como era a sua infância? Era apenas uma criança doce, pura, inocente e apesar de tudo, feliz. Pequenos gestos muito lhe alegravam. O sol raiava pela manhã, enquanto você brincava e deixava a imaginação voar. Lembra-se do seu primeiro arranhão no joelho? Você correu sem medos, como se o amanhã não existisse e acabou se machucando. Aquilo não teve muita importância para você, mas você foi caindo mais vezes. Alguém lhe disse: "Pare de subir nessas árvores e de correr desse jeito, você vai se machucar!". Então, a partir do dia em que caiu pela última vez, um filtro de uma crença foi estacionado em seu subconsciente e o medo foi se instalando aos poucos. "Se eu correr de novo, vou me machucar". Depois disso, raramente você ralava o joelho, não era?
Você foi crescendo e vários outros filtros foram estacionados em sua mente, e aquela criança que antes era tão suave e doce foi se tornando amarga na adolescência. Ainda ali, reinava o medo de se arriscar. Você não tinha medo de fazer amizades, mas um certo dia uma experiência negativa fez você recuar e dali em diante te rotularam como tímido. Você tinha medo de conhecer e de entender o desconhecido. Aquele medo de ralar o joelho se tornou o mesmo medo de ser aceito em uma faculdade renomada ou de tentar arriscar no emprego dos sonhos. Aquele mesmo medo de ralar o joelho progrediu e se tornou um malware em sua consciência, fazendo você pensar que toda oportunidade de se arriscar trazia consigo uma consequência inevitável: a dor. E isso foi se espalhando em seus relacionamentos amorosos, amizades, família e consigo próprio. A sua mente era um livro colorido e cheio de páginas em branco quando você viu o mundo pela primeira vez. Este livro, foi sendo escrito e filtrado não por você, mas pelos seus pais e pelas pessoas ao seu redor que começaram a lhe dizer o que era "certo" e o que era "errado".
Falaram-lhe que se você errasse uma vez sequer, estaria pecando e queimaria no fogo do inferno. Naquele momento, um novo filtro se instalou em seu subconsciente. Era o medo. E qualquer coisa que você fizesse daquele dia em diante, você se sentiria culpado por não atender às expectativas dos outros. Você passou a ter tanto medo, que começou a também tentar convencer outras pessoas livres a entenderem que a sua caixinha era o certo a se pensar. Você foi ensinado assim. Você hoje é um adulto que na maioria das vezes se sente frustrado, se encontra em um vazio terrível e nem sabe da onde isso surgiu. Foram tantas coisas, não é? Mas tenho algo a lhe dizer: EU TE COMPREENDO. Entendo suas dores, entendo seu sofrimento, sua tristeza, sua raiva e cada gota de lágrima que já caiu dos teus olhos.
Volte para casa. Libere sua criança interior. Aquela criança que você era antes de qualquer pessoa instalar filtros em sua mente. Aquela criança com páginas em branco, nova e cheia de entusiasmo. Você é luz, é um ser maravilhoso por trás desse "avatar" de adulto responsável. Tanto é lhe cobrado, tanto é lhe imposto, tantas crenças foram instaladas, que você perdeu a alegria de viver. A mesma alegria que tinha aos 5 anos de idade, quando tudo ainda era novo e você queria descobrir o máximo possível desse mundo.
Quantas crenças estão te limitando? Quantas correntes foram amarradas nos teus pés? Quanto falta para você se afogar em seu próprio mar de lágrimas?
Você cresceu. Mas ainda existe uma criança interior que habita seu coração. Ela tem um olhar triste, ela está com medo, ela tem frio e fome. A sua família e os seus amigos não podem acolher essa criança. Eles não podem entrar dentro de você e tentar reerguê-la, porque essa tarefa é sua! Essa tarefa, somente você pode concretizar. É um encontro do "eu" do presente com o "eu" do passado. Cure a sua criança interior. Pegue ela no colo, diga a ela como ela é especial e preciosa. Rasgue suas páginas velhas e comece a reescrever em páginas em branco. Dessa vez, você terá controle sobre o que será escrito em seu subconsciente. Muitas pessoas crescem e ficam com uma saudade enorme de voltar à infância e de novo vivenciar as antigas alegrias, mas não sabem que podem sim fazer isso. Podem sim libertar a criança que existe dentro de cada uma delas. Basta mergulhar fundo dentro de si e resgatar a sua criança interior. Olhe para ela com carinho e amor. Diga a ela que dessa vez, você irá protegê-la e curá-la de qualquer malware que decida se instalar novamente. LIBERTE-SE!
Autora: Victória Fawkes
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja respeitoso e não use xingamentos em seu comentário